Thursday, February 26, 2009

Romeo and Juliet




Esta já tem mais a ver comigo :p
Numas férias passadas em família perdi-me do grupo em Verona porque fiz questão de ir ver a Julieta na sua varanda lol e acabei por me perder por entre aquelas paredes cheias de declarações apaixonadas. Arrisco a dizer que mais de 80% delas não sobreviveram até ao dia de hoje. Ainda assim, não deixa de ser grandioso estar num sítio onde várias paixões se queriam imortalizadas.
De certa forma elas duram, ainda que terminem e outras surjam. Mas há uma parte delas que mantemos connosco, num cantinho bem especial, onde podemos recordá-las com saudade mas impedi-las que nos magoem de novo.

Pround not to be a rock



Há poucas músicas que goste tanto e que tenham tão pouco a ver comigo...
Espero poder ouvir esta música por muitos mais anos sem contudo me conseguir identificar com ela.
Olivia, esta também é para ti ;)

Saturday, February 21, 2009

A tradição já não é o que era... E ainda bem!



Nao estou a passar uma boa fase, e aqueles que me conhecem sabem disso, aos outros peço desculpa pelo teor carregado que alguns posts têm. Mas não gosto de fingir. A transparência nem sempre é uma virtude, mas é com ela que têm que lidar todos aqueles que me conhecem e os que por aqui passam.

Dito isto, queria expressar o meu pesar e espanto por me ter apercebido, recentemente, o quão conservadores são algumas pessoas da minha geração.

Podem chamar-me idealista ou ingénua, mas não consigo conceber como é que pessoas jovens podem olhar para temas polémicos como o aborto, a eutanásia e o casamento entre homossexuais duma forma tão... «se a Igreja diz deve ser verdade». Não estou aqui para fazer juizos de valor. Não vou dizer que os que se autodenominam pelo «sim à vida», ou os que acham que os homossexuais são uma espécie de coisas estranhas que para aí andam a contaminar os virtuosos (os que vão todos os fds à missa e bebem todos aqueles ensinamentos fantásticos, mas que como é óbvio não praticam), são pessoas limitadas e com falta de formação não só educacional como cívica. Não, não vou defender essa linha de pensamento porque acho que não me leva a lado nenhum. Mas também não posso deixar de ficar indignada ao perceber que há pessoas da minha geração que pensam como os meus avós. Como é que é possível?!

Os meus avós viveram no tempo do mui nobre Salazar, e por vezes ainda ouço dizer que «pelo menos andávamos todos na linha», e «talvez o que precisemos agora é doutro». Afirmações como esta fazem-me alguma urticária, confesso, mas são os meus avós... Mas jovens adultos terem o mesmo de pensamento retrógrado é que já me ultrapassa.

Como é que alguém educado e informado pode achar que os direitos que temos hoje não são para todos, são apenas para os que se encaixam na média, no que é normativo? Sempre houve casos que se desviam dessa norma, mas são sempre poucos, comparativamente com a massa que se situa na média, seja lá o que isso é. E essa massa mediana acha-se no direito, talvez até no dever, de manter os extremos à parte, marginalizados.

Concretizando um pouco... A maior parte da sociedade é heterossexual, nunca cometeu um crime grave, as mulheres nunca fizeram nem fariam um aborto, e deixar alguém morrer com alguma dignidade e com um grau menor de sofrimento numa cama de hospital é uma aberração. Depois há os homossexuais e os bissexuais (que agora estão na moda) que escondem a sua orientação sexual até não poderem mais mentir, e que quando finalmente o fazem, são olhados pelos ditos «normais» com desconfiança e asco. As mulheres que resolviam ir para a frente com um aborto faziam-no às escondidas, por vezes em vãos de escada, as que tinham mais sorte iam para Espanha fazer o servicinho o mais discretamente possível, não fosse a família, os amigos ou os vizinhos descobrirem e chamarem-na de p***, galdéria ou qualquer coisa na mesma linha. As pobres que o faziam em condições lastimáveis ficavam frequentemente impossibilitadas de voltar a ter filhos ou com complicações graves de saúde. Mas ainda há gente a achar que o aborto não devia ser legalizado. O dinheiro dos contribuintes a ser gasto para que galdérias, que andam para aí na má vida, possam abortar com condições mínimas asseguradas, que ultrajante!!! E não me venham dizer que a preocupação deve ser com o recém nascido, que tem o direito de vir ao mundo, porque comigo não pega. Crianças que nascem sem ser desejadas e que os pais não têm condições psicológicas e financeiras para os ter mais vale não virem mesmo. Lamento se estou a chocar alguém, mas custa-me mais ver crianças esfarrapadas, sujas e sem ter o que comer na rua do que imaginar a morte de um conjunto de células que têm tanta vida como uma paramécia. E por aqui me fico, que já devo estar a provocar uma reviravolta no estômago de algumas pessoas...

Concluo dizendo apenas que: seguir cegamente e acriticamente os ensinamentos duma igreja que não evoluiu com a sociedade actual é, não só lamentável, como perigoso. Como é que se pode dar crédito a uma Igreja que continua a apregoar que não se usem métodos contraceptivos quando a taxa de Sida é alarmante e as gravidezes na adolescência e puberdade são cada vez em maior número? Expliquem-me como!!!

Sunday, February 15, 2009

Before sunrise



Este é um dos melhores romances de sempre.
Todo o filme se apoia nos diálogos fabulosos das duas personagens principais. Está envolto numa aura de loucura e imprevisibilidade que nos faz querer viver o mesmo. Ainda que seja uma loucura, ainda que possa não durar mais do que 24 horas, sabemos que é algo capaz de mudar uma vida. São apenas momentos, mas o que é a felicidade senão um conjunto de momentos inesquecíveis? Ela não dura para sempre, mas isso não implica que não valha a pena procurar os momentos Kodac, que guardamos dentro de nós como pedras preciosas, e que ninguém nos pode tirar. Depois de vividos são nossos para sempre e, quem sabe um dia, dos netos e bisnetos com quem partilhamos essas experiências tão singulares e especiais, que um dia nos fizeram felizes.

Monday, February 09, 2009

Epifania




Hoje está a ser um dia particularmente difícil.
Com a minha postura crónica de falhada na vida quase não fui fazer os dois exames que tinha de fazer este semestre. Estudei bastante e apesar de ter podido fazer mais do que fiz, não consegui. Ainda assim, acabei por ir tentar fazer os exames, tendo sempre em mente que não ia conseguir passar. Antes de entrar na sala pensei em não ir. Todos me dizem que não tenho nada a perder em tentar, e que não devo assumir à partida que não sou capaz. Mas a verdade é que se vou tentar e depois não passo, tenho de facto algo a perder. Sei que pode ser difícil de entender, mas é mais fácil desistir e não lidar com o falhanço do que não saber se ia ou não conseguir ser bem sucedida. Podem dizer-me que quem não arrisca não petisca, etc, etc, mas fazem ideia do que é reforçar a ideia de que de facto somos um fracasso?

Vou tentar ser mais clara... Até porque falo de mim e também para mim... Quando somos a primeira pessoa a não gostar de nós próprios é muito difícil aceitar que os outros nos digam que não fomos/somos bons o suficiente. Percebi hoje, em conversa com a minha mãe, que na verdade não há ninguém que seja tão crítico e destrutivo em relação a mim como eu comigo própria. Tenho sido assim toda a minha vida, ou pelo menos desde que me lembro de ser gente: sempre senti que aquilo que tenho de bom em mim não chega para contrabalançar o que tenho de mau. Sempre achei que tenho algumas qualidades, como o ser amiga, compreensiva, atenta aos outros, perspicaz, sensível e intuitiva. Mas encaro os defeitos que tenho, como ser feia, teimosa, insegura, ciumenta, possessiva, não ser inteligente o suficiente para aprender com os erros, e ser alguém valorizado e reconhecido socialmente, como manchando por completo o pouco que tenho de bom e bonito. Os pratos da balança deveriam estar equilibrados (para não ter um ego inflaccionado ou mirrado), mas no meu caso não estão, e o que é mau pesa mais do que o bom e não consigo inverter os pratos da balança. Pelo menos não sozinha. Quando namoro consigo fazê-lo, porque aí há alguém que gosta de mim e me escolheu. E isso faz-me pensar que não sou tão má como penso. Se essa pessoa consegue gostar de mim, então também eu aprendo a olhar para mim de uma forma diferente. Torno-me numa pessoa mais alegre, mais esperançosa, mais apaixonada, em suma, de bem com a vida. O pior é quando estou sozinha...

Foi por isso que escolhi Psicologia: para me poder preocupar com os outros e tentar «repará-los», dar-lhes afecto e fazer com que se sintam especiais e capazes de alcançar sonhos (porque é isso que sinto falta e imagino que muitos também sintam), em vez de o fazer comigo, que creio, a maior parte das vezes, ser um caso perdido. A Psicologia surgiu como a única escolha possível, uma vez que era o único curso que me permitia continuar a ser eu própria, usando as melhores características que tenho e desenvolvê-las (no grupo de amigos sempre fui aquela a quem recorriam para desabafar quando algo corria mal, a que oferecia o ombro e limpava as lágrimas, a que prestava atenção aos pormenores e queria conhecer os amigos até à exaustão, pelo menos aqueles que achava especiais, e que me fascinavam pela forma como pensavam, agiam e se mostravam ao mundo. Quando conhecia alguém assim apaixonava-me. Não conseguia sequer conceber como é que os outros não viam o quão extraordinária era essa pessoa. Como é que podiam não ver o que eu via... Claro que eventualmente vinham as desilusões, quando perdia os óculos e começava a ver melhor a pessoa por quem me tinha apaixonado. Mas isso faz parte do processo. Ninguém pode evitar apaixonar-se nem deixar de o ficar).

A dificuldade da Psicologia é quando se tem de forçar essa vontade de compreender, de dar afecto e ajudar. Quando as coisas surgem naturalmente, porque realmente gostamos da pessoa que temos à nossa frente e gostávamos de fazer com que se sentisse melhor (mais bonita, mais capaz, mais autónoma, mais realista ou mais idealista, mais...o que quiser ser mais) é muito fácil. E o que senti por vezes no estágio foi que dificilmente se podia chamar ao que fazia de trabalho, porque não estava a fazer nada que não faria por gosto, porque sou assim e não consigo ver alguém mal sem me sentir impelida a tentar ajudar.

Mas e quando temos alguém à frente que não conseguimos gostar? Que quanto mais fala e se dá a conhecer, mais temos vontade de sair porta fora e a deixar plantada no consultório? Aí é que a vaca torce o rabo!! De repente a consulta começa a ser demasiado longa (embora em média durem todas o mesmo), sinto vontade de me levantar, abanar a pessoa e perguntar como raio pode estar a dizer aquilo, distraio-me com os carros que vão e vêm lá fora, não faço muitas perguntas porque chego a ter medo da resposta, penso no que ainda tenho para fazer nesse dia, nos transportes que ainda tenho de apanhar até chegar a casa, etc, etc, até que ocorre algo diferente: ou a sua expressão facial muda, ou se começa a mexer mais na cadeira e evita olhar-me nos olhos, ou simplesmente começa a falar num tom de voz diferente, como se aquilo que me vai dizer de seguida lhe causa sofrimento e temor. Aí esvazio-me de mim e fico alerta. Sei que vou ter de dizer algo de seguida, quando o silêncio entre nós se instalar. Tenho receio de não conseguir entender o que me está a transmitir verdadeiramente e fazer qualquer interpretação disparatada. Temo ser um assunto difícil com o qual vou ter dificuldade em lidar. Mas depois escuto e observo. Se me sinto confusa com a mensagem tento esclarecer as dúvidas que me surgiram, explico porque pensei aquilo que pensei, peço para ser mais claro, me dar mais exemplos, aprofundar mais. Depois da mensagem percebida fecho-me em mim mesma e tento sentir o que foi transmitido. Como é que me sentiria se algo de semelhante se tivesse passado comigo? Tenho pontos de referência que me permitam orientar-me? Já passei ou senti algo semelhante?

Se sim, é mais fácil e espontâneo a frase que emito a seguir. Se não... sou o mais honesta que consigo e admito que não sei. É nesse momento que me esqueço de quem sou, de tudo o que vivi e experimentei e tento olhar pelos olhos de quem está à minha frente. É como se dissesse à pessoa «não sei o que me dizes, nunca passei por isso, mas quero perceber, guia-me». Et voilá! Algo de novo surge naquele gabinete e o tempo como que pára. Já não existem carros lá fora, não ouço a água a correr na casa-de-banho ao lado, os utentes não berram nos corredores e as enfermeiras deixam de lhes gritar enquanto tentam amarrá-los a um sofá ou a uma cama, já não ouço o orgão a tocar na capela ou a flauta da doente da unidade 5 que adora música, já não ouço a cadeira de rodas da A nem os insultos que dirige a quem se aproxima. Tudo à minha volta deixa de existir e estou completamente focada na pessoa que está à minha frente.

Consulta após consulta começo a perceber como está de humores naquele dia antes sequer de abrir a boca: presto atenção a como entra, se move, o que traz vestido, a forma como se senta naquele maldito sofá que afunda, se me olha nos olhos ou procura a distracção do que se passa lá fora, se fala muito depressa ou se os silêncios se avolumam, constituindo um espaço que não consegue preencher... Por vezes sei de antemão quando é que vão chegar atrasadas, quando vão dizer que não querem vir ou quando me esperam ansiosas na sala de espera. E de repente eu deixo de importar. Já não sou feia, chata, insegura e dependente. Sou apenas alguém cuja única preocupação naquele momento é perceber e tentar ajudar, da melhor forma que me é possível, a pessoa que tenho à frente.

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Saturday, February 07, 2009

Adultescentes.

Os adultescentes... Não são invenção minha. Eles existem e andam por aí!!! ;)



Uma das melhores cenas de sempre com adultescentes! ahahahah

Porquê?!?

Porque há coisas que não se explicam, simplesmente sentem-se (John e Lady de Winter espero que um dia mudem de opinião ou que o Cupido vos obrigue a isso):



Porque, felizmente, estas coisas não acontecem só nos filmes... Podemos não ter acesso a tudo o que desejamos, mas há momentos de pura felicidade que a dor não consegue apagar nem impedir-nos de os sentir, por mais que tente:



Embora seja verdade que poucas histórias têm um happy ending... só a última é que pode dar certo, né Jack? Continuo a acreditar que vale a pena sonhar e deixarmo-nos levar de vez em quando pela doce ilusão e por vezes dura realidade que é o Amor:



Porque senão o que andamos a fazer cá?!A dor e o sofrimento existem, mas também a felicidade e cumplicidade...



E porque os vídeos são outros mas a ideia é a mesma...este também paga direitos de autor.

Uma tarde bem passada




Um dia que se antevia difícil e constrangedor transformou-se em mais uma tarde Kodac:para mais tarde recordar! (isto é cantarolado):)

Relembrando as palavras sábias do namorado da minha prima favorita: «o segredo para um meeting de sucesso são as pessoas». E é bem verdade. Lagos, Tavira, Mil Fontes e Évora são lugares lindíssimos, que têm muito para oferecer a quem os visita e permanece um par de dias lá, quer num hotel de 5 estrelas, com piscina interior e jacuzzi, quer num parque de campismo, com muito chão para oferecer e casas de banho lastimáveis. Mas se o grupo que se contitui é porreiro, a diversão é garantida, seja cá dentro ou lá fora, em Lisboa ou algures em Portugal. E por diversão entenda-se não só fazer ou dizer disparates (que também sabe bem e não fica mal), mas também conversar sobre tudo e nada, partilhar pontos de vista e gostos pessoais, interesses e rituais, crenças e experiências de vida.

Não posso falar pelos outros, mas quanto a mim foi uma tarde/início de noite riquíssima, claramente a pedir um «bis». Viva as conversas superficiais e profundas, porque não somos «unos». Somos um aglomerado de vivências discrepantes e muitas vezes incoerentes. E é isso, quanto a mim, que torna o ser humano apaixonante.
Não sejamos «personas» (esta paga direitos de autor :p) planas neste palco que é a vida, aspiremos antes a «personas» modeladas, que surpreendem a cada encruzilhada.
Que ontem tenha sido o primeiro de muitos meetings de sucesso!

Wednesday, February 04, 2009

Terra do Nunca





Uma característica minha é ser predominantemente emocional.
Existem alturas da minha vida em que acho que é uma qualidade, outras porém fazem-me crer que é um defeito. Bom ou mau, certo ou errado, é algo muito meu e com o qual tenho de aprender a viver.

Praticamente toda a gente à minha volta me pressiona para crescer. Ser a adulta que todos esperam. Alguém com uma idade mental igual ou superior à idade cronológica que tenho. Até agora não consegui sê-lo, uma adulta isto é. Sempre me senti mais nova que a idade que tenho. Estou como que presa na terra do nunca. Sem ninguém perceber, uma noite de lua cheia saí da minha cama e voei para lá. Encontrei um sítio onde me era permitido não amadurecer.
Sou uma pessoa estranha, tenho noção disso. Em conversas com amigos percebi que era a única que gostava de regressar ao passado em vez de caminhar rumo ao futuro. Sempre senti, no mais íntimo de mim, que ser adolescente é o melhor que esta vida me tem para oferecer. A altura em que nos abrimos mais para o exterior, em que tentamos definir quem somos e quem queremos ser; a fase em que quase tudo nos é permitido, uma vez que é terra de ninguém: ainda não se é adulto mas também já não se é criança. Nesta etapa somos mais rebeldes, saímos mais, falamos mais alto, experimentamos mais coisas e damos mais dores de cabeça aos nossos pais. O choque de gerações é inevitável porque nenhum dos intervenientes se consegue descentrar e ver a perspectiva do outro. Os pais esquecem-se do que é ser adolescente e tentam a todo custo proteger-nos das crueldades que há lá fora. Fora das paredes do lar, o sítio que com tanto cuidado e dedicação criaram para que se transformasse um lugar seguro. O adolescente, porém, sente necessidade de descobrir o que existe para lá desse lugar seguro, e com insanidade temporária acredita que nada de mal lhe pode acontecer. Não há malfeitor, doença ou acidente que o possa derrubar, é invencível.

Agora que olho para trás, não é estúpido pensar-se assim, desde que as experiências que se procuram sejam dentro de limites razoáveis, claro. Tou a falar de violadores, ladrões, doenças sexualmente transmissíveis, toxicodependências e acidentes rodoviários. Pobres pais... eles sabem que existe uma infinidade de coisas más que podem acontecer connosco, os seus rebentos. Quando saía de casa à noite podia ser violada num beco escuro, ser assaltada por um toxicodependente que me picava com uma agulha virulógica, beber álcool até entrar em coma e cair redonda num chão cheio de pedras que me podiam matar por traumatismo craniano. Os pais menos medrosos e mais sensatos podiam imaginar apenas que, quando saía com o meu namorado, ia acabar no banco traseiro dum carro, ou num qualquer vão de escada, a ter relações sexuais desprotegidas e ia ficar grávida, ou pior ainda, seropositiva.

Fiz algumas dessas coisas, não todas, e felizmente ainda tou aqui para contar a história. Por sorte, ou destino, sobrevivi a essa fase contorbada sem nenhuma mazela muito grave. E por mazela muito grave entenda-se não ter engravidado, ficado seropositiva ou toxicodependente, também não tive nenhum coma alcoólico nem fui parar a uma cama de hospital porque aceitei boleia de amigos que já tinham bebido mais do que a conta.

Mas não sobrevivi completamente airosa da coisa... Tive de fazer testes de gravidez, tomar pílulas do dia seguinte, análises às doenças sexualmente transmissíveis, e o meu coração foi partido tantas vezes que já lhes perdi a conta. Sempre pensei que era burrice minha voltar a atirar-me de cabeça numa relação, depois de saber o que é a dor aguda duma perda dum ser amado (Sim, cá está ele, o AMOR... Como fugir a ele se é a coisa que faz mais sentido na pu** desta vida?!?!). Hoje percebo que não é burrice, é coragem. Quem não ama a 100% não ama, e quem fecha o coração a sete chaves com medo que o partam... não vive, sobrevive e vê os outros viverem.

Moral da história: pais deste mundo - eduquem de forma a que os vossos filhos possam voar com uma rede de segurança por baixo (eu sei que é fácil falar enquanto não me cabe a mim fazê-lo, tenho perfeita consciência que um dia que seja mãe vai ser um ver se te havias lol); filhos na puberdade, adolescência ou adultescência (uma nova categoria criada para explicar casos como eu) - experimentem o que o mundo tem para vos oferecer, mas com cabecinha. Coisas más acontecem! Não é só aos outros. Não se fiem na sorte, porque nunca se sabe quando ela nos abandona. Mas acima de tudo voem...

Tuesday, February 03, 2009

Sunscreen



Mostraram-me este video há muitos anos atrás. Foi amor à primeira vista. Sempre que estou mais em baixo vejo-o, e agora gostava de o partilhar...

Sunday, February 01, 2009

O final de um dia cinzento




Chego a casa ao fim do dia e não está ninguém. Um pouco mais do vazio que me acompanhou durante as longas horas que precederam.
Escrevo um post deprimente a seguir a um dia em que a solidão falou mais alto e insiste em persistir.
Uma tigela de Cerelac com sabor a maçã enquanto ouço a mesma música vezes sem conta (The Kill - 30 seconds to Mars).
Um par de mensagens.
Programa-se um encontro improvável numa noite tempestuosa em que a maior parte das almas optou por ficar no conforto do seu lar.
Saio. O vento frio percorre-me. A chuva mistura-se-lhe.
Resolvo ignorar o desconforto das roupas molhadas a gelarem-me o corpo.
Ponho os fones e decido não abrir o chapéu.
Faço o percurso o mais rápido que consigo.
Debaixo de telha...2 capuccinos. Não trazem açúcar. Questionas o porquê. Estavas entretido com o telemóvel, não ouviste a rapariga dizer que já são adocicados.
Conversamos. Falo-te de coisas que me são penosas. Porquê? Viagens feitas e sonhadas.
O nervosismo vai passando. Mas o tempo também. É tarde. Estás atrasado e eu sinto-me mal por te ter retido.
Saímos. Mais chuva. Quero dizer-te para fechares o chapéu, mas contenho-me. Podia dizer-te que gosto de apanhar grandes molhas em dias como este porque me faz sentir mais viva, menos anestesiada, mas calo-me e começo a disparatar com os taxistas que passam.
Chapinhamos nas poças e ficamos mais um pouco gelados. Risos.
Antes de voltar a ficar sozinha tenho a certeza que é uma noite que vou querer guardar. Não é todos os dias que se encontra alguém com pancadas semelhantes...