Wednesday, March 04, 2009

És branco ou preto? Porque raio é que não posso ser o cinzento?!





Estes últimos meses têm sido bastante conturbados, com dias em que voei bem alto e não via o chão debaixo de mim, outros em que me estatelava no chão e tudo me doía, física e psicologicamente. Enquanto estive lá em cima senti-me tão bem que não andava, levitava. Mas uns poucos de dias depois já cá estava em baixo de novo, a sentir dores em sítios que nem sabia que existiam.
E tudo isto porquê? Porque, não me sentindo capaz de dar um passo em frente dou dois para trás. Tentei recuar no tempo, aos anos em que tinha muito menos com o que me preocupar, que estava ainda distante de ter de acabar o curso, começar a procurar emprego, talvez um marido e, um par de anos depois, os filhos. Perdi anos da minha vida por ser insegura e não acreditar verdadeiramente em mim e no que posso ser um dia. Mas sempre que olho em frente vejo um abismo. Aproximo-me dele e tento ver o fundo, mas nunca o vejo. Não sei se no fundo daquele abismo está terra firme ou se é um pântano cheio de jacarés ansiosos por me devorar. E como não sei, e tenho medo de descobrir, vou deixando os anos passarem por mim sem que consiga tomar uma decisão e seguir em frente, sem medos, ou pelo menos com medos suportáveis, que me façam andar a medo mas não me impeçam de caminhar.
Num blog que se tornou uma segunda casa, sendo isso mais ou menos desejável, consoante as perspectivas, lançaram uma questão para o ar: Categorizando as pessoas em aliens (os que se estão a lixar para tudo e para todos, que fazem o que lhes dá na real gana sem pensar nas consequências, que são livres dos condicionalismos do que é viver em Sociedade, no fundo o que enferruja a máquina) e os robbots (os que fazem as coisas pq têm de fazer, sem ter grande capacidade crítica sobre porque fazem o que fazem; os que são parafusos nesta enorme máquina que é a Sociedade em que vivemos e a mantêm viva). A autora desta inteligente questão lançava o desafio de assumirmos que tipo de pessoas somos: aliens ou robbots. Dizendo ainda que temos de escolher entre um ou outro tipo.

Não sei se ela tinha noção dos neurónios que ia fundir ao fazer aquela pergunta. Mas independentemente da intenção que ela teve ao fazê-la, deixou-me a reflectir.
F U C K!!! Qual deles sou?!?!?!
Pensei, repensei, voltei a pensar e cheguei a uma conclusão: Sou um pouco de ambas, e acredito que todos nós somos.
Se fossemos 100% aliens não faziamos mais nada na vida senão o que nos dá prazer. Passávamos o tempo todo com os amigos, namorados, amigos coloridos, família, conhecidos, desconhecidos, animais de estimação, e de quem se conseguirem mais lembrar! Era como se de repente estivessemos sempre de férias, sim... Umas eternas férias grandes, com muito sol, mar, borgas e tudo o que cada um de nós, de acordo com as suas idiossincrasias, gosta de fazer. Era perfeito! Certo? hummmm, talvez não!!

Porque não?
Porque tudo o que é demais enjoa, e nós não podemos só fazer aquilo que queremos, mais que não seja porque se o fizessemos, não lhe daríamos tanto valor. As pessoas efectivamente têm de estudar, trabalhar e ganhar dinheiro. Sem dinheiro não há férias, não há copos com os amigos, não há cinemas, jantares, almoços, tentativa de ter mais saúde, não há viagens, não há um tecto e roupas para nos proteger não só dos olhares indiscretos como das agressões do nosso lindo planeta. Podia pensar nos homens das cavernas, eles conseguiram sobreviver sem todas estas comudidades de que falo, mas não podemos regredir a uma época em que isso era possível só porque nos apetece filosofar um pouco. Hipoteticamente tudo é possível, mas no concreto, não é assim, e acho que todos sabemos isso.

Pensam que podem ser aliens a vida inteira? Viver a vida sempre no limite, sem medo do que vos pode acontecer ao virar da esquina? Pensem de novo...
E os robbots, acham que conseguiam aguentar a vida de escravo que levam se não pudessem ter algum gozo na vossa vida? De que serve o dinheiro, a educação e a saúde se não os usarmos para algo que nos realize?

Meus lindos... as categorias só servem para nos ajudar a descrever e a compreender a realidade, o ser ou a natureza na sua essência. Mas não nos encerram!! Não vivemos encaixotados em quartos onde só se pode gostar de uma coisa ou de outra, ser de uma forma ou outra. Tenham coragem e sensatez para admitirem que podem gostar/ser das duas. A vida nem sempre se reduz a disjunções, é possível haver as coordenadas copulativas (os «e» para os mais esquecidos). Ninguém é sempre extrovertido ou introvertido, inteligente ou limitado, capaz ou incapaz, audacioso ou medroso, agressivo ou passivo. Todos nós somos um pouco disso tudo, dependendo das circustâncias de vida e das pessoas que nos rodeiam. Não queiram ver o mundo a preto e branco, porque existe SEMPRE o cinzento.

Querem saber quem sou?! Eu sou a ambivalência em pessoa. Umas vezes sou doce, carinhosa, compreensiva e maternal, mas quando me pisam os calos, ou me fazem chegar mostarda ao nariz sou dura, distante, fria e implacável. Sou a típica ansiosa-ambivalente que a Ainsworth (da teoria da vinculação) descrevia, a passiva- agressiva das teorias da comunicação, o Perfil Scarlet Ohara dos inventários de personalidade e a depressão limite do DSM-IV dos psiquiatras. Sou o cinzento... Sou o pecado e a remissão, o bom e o mau, o certo e o errado, a sensata e a imatura, a frágil e a forte, o gato e o rato, a bela e o monstro, a menina e a mulher. E a quem me quiser reduzir a uma categoria estanque e limitada só posso dizer uma coisa: sorry, you loose this time, but try again later!

5 Comments:

Blogger John said...

You don't get it.
Everyone is a little of both, the question is wish one of the are you more it's almos certain your not 50-50 of it.
Rethink it again, and don't chose witch you are, choose witch you are the most

04 March, 2009  
Blogger Sin said...

OK! Tentando esclarecer mais um pouco... Sou mais o robbot que gostava de ser mais alien. Acho que naturalmente e tendencialmente sou o alien por dentro e o robbot por fora. Aparentemente sigo as regras, faço o que é esperado de mim, mas depois, quando não aguento mais ser «a certinha» pinto a manta e torno-me no «alien». Não te sei explicar melhor que isto. Porque se não sou 50-50, tou perto disso. A questão é que me sinto culpada qd sou um alien, e tenho de voltar a ser o robbot, para me manter minimamente sã. Dá para perceber?

04 March, 2009  
Anonymous Anonymous said...

Tu tens é que ser tu própria esquecendo os maus modelos com os quais não aprendes nada.Só assim evoluirás.
Vive mas não regridas.
Já é hora de seres um pouco mais feliz mas para isso é preciso quereres e procurares gente que te faça evoluir como pessoa.

Beijo

04 March, 2009  
Blogger Isabel Faria said...

Sin, tens toda a razão. Eu nem sei se se pode catagorizar uma caixa, um muro, uma casa ou uma cadeira...quanto mais um gato, o mar,o Sol ou um ser humano...
A caixa é grande porque cabemos nela para descansar...ou pequena porque não cabemos nela para nos escondermos...a casa é confortável porque temos um óptimo sofá onde nos sentimos cómodos...ou desconfortável porque nos sentimos lá sós?
O meu gato corre para a porta quando eu entro porque é carinhoso e afável e me quer dar as boas vindas...ou porque é vadio e quer ir aventurar-se nas escadas?'

Sei lá, e tenho mais uns anitos que tu por isso não penses que passa com a idade, se quando vôo é por prazer ou por necessidade...ou se quando caio é por azelhice ou por medo...

Só discordo de ti nessa de haver o cinzento...para além do preto e branco. Há o creme, o castanho, o côr de rosa, o verde, o azul, o roxo...e até se olhares bem o branco, por exemplo, dá para nos realçar o bom ar quando estamos bronzedaos e felizes...ou para nos tornar tipo mortos-vivos quando estamos tristes e pálidozecos...

Por isso não te sintas culpada de não encaixar...encaixadas em categorias só mesmo quando se está vivo ou morto...e mesmo assim só funciona para os mortos!!

(agora vou lá espreitar o tal Blog...mas não digas nada!).

05 March, 2009  
Blogger Sin said...

Isabel, obrigada :) mas seria tão mais fácil se nos conseguissemos encaixotar... Eu tenho sempre tentado pertencer a algum lado, e por algum tempo acredito que achei o sítio onde me sinto em casa, mas depois essa sensação desaparece e é angustiante a voltar a sentir que não pertenço a lado algum. Tenho dois polos muito vincados em mim, e acho que é por isso que me faço parte de tudo e não faço parte de nada :/ AHAHAHAHAHAHAH

Fizeste um bom trabalho ;) conta com a minha discrição lol

05 March, 2009  

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