O final de um dia cinzento
Chego a casa ao fim do dia e não está ninguém. Um pouco mais do vazio que me acompanhou durante as longas horas que precederam.
Escrevo um post deprimente a seguir a um dia em que a solidão falou mais alto e insiste em persistir.
Uma tigela de Cerelac com sabor a maçã enquanto ouço a mesma música vezes sem conta (The Kill - 30 seconds to Mars).
Um par de mensagens.
Programa-se um encontro improvável numa noite tempestuosa em que a maior parte das almas optou por ficar no conforto do seu lar.
Saio. O vento frio percorre-me. A chuva mistura-se-lhe.
Resolvo ignorar o desconforto das roupas molhadas a gelarem-me o corpo.
Ponho os fones e decido não abrir o chapéu.
Faço o percurso o mais rápido que consigo.
Debaixo de telha...2 capuccinos. Não trazem açúcar. Questionas o porquê. Estavas entretido com o telemóvel, não ouviste a rapariga dizer que já são adocicados.
Conversamos. Falo-te de coisas que me são penosas. Porquê? Viagens feitas e sonhadas.
O nervosismo vai passando. Mas o tempo também. É tarde. Estás atrasado e eu sinto-me mal por te ter retido.
Saímos. Mais chuva. Quero dizer-te para fechares o chapéu, mas contenho-me. Podia dizer-te que gosto de apanhar grandes molhas em dias como este porque me faz sentir mais viva, menos anestesiada, mas calo-me e começo a disparatar com os taxistas que passam.
Chapinhamos nas poças e ficamos mais um pouco gelados. Risos.
Antes de voltar a ficar sozinha tenho a certeza que é uma noite que vou querer guardar. Não é todos os dias que se encontra alguém com pancadas semelhantes...
6 Comments:
E desse mato sai coelho ou não ?
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ahahah és demais. Gostava de te saber responder a isso, mas não sei... Presença assídua neste blog, tou a gostar ;) Assim até dá gosto!
Agora já sei anónimo, isto é, já te sei responder: não, não sai coelho nenhum, nem do mato nem da cartola. Esta coisa dos sentimentos é algo que não se consegue controlar, ou pelo menos eu não consigo... Mas o subconsciente colectivo acaba por ter uma palavra a dizer, não é assim? No meu caso demora mais tempo a fazer-se ouvir, mas acabo por lhe dar ouvidos... Posso ser um bocado doida, mas não sou má pessoa, e nunca desejei preocupar ninguém. Lamento se fiz perder horas de sono, não há motivo para preocupações. Sob pena de parecer ridícula... apenas desejei a companhia, os passeios e as conversas longas e empáticas, nada mais. Juro. Cross my heart and hope to die.
O problema é que a solidão pode levar a más escolhas e tu não tens necessidade de más escolhas, se usares o teu cérebro.
Evita o mesmo padrão de sempre, experimenta ousar numa escolha diferente das habituais.
Beijo grande
Tou a tentar... Mas a porra toda com os padrões é que é particularmente difícil fugir deles... O cérebro tá cá, pode é não ser mt usado ;) lol
Quanto à escolha ousada... o problema do sentimento de solidão persistente é que não se consegue ver uma escolha... ela até pode existir, mas eu não a vejo...
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