Fantoches ou Deuses?
As teorias generalistas e o esforço quase titãnico que fazemos para tentar rotular alguém tem incovenientes. Acho que ninguém pode negar isso. Ao tentar encaixotar as pessoas em gavetas arrumadinhas numa cómoda onde armazenamos tudo o que nos ocorre na vida é redutor e enganador, e faz com que tenhamos surpresas desagradáveis de quando em quando. Mas essa aparente arrumação é um mal necessário. O ser humano precisa frequentemente desses rótulos e dessas gavetas para compreender o que o rodeia. E para perceber o quão angustiante seria não aprendermos nada e não conseguirmos prever o chão que vamos pisar daí a um metro de distância, basta pensar nas pessoas que ficam com amnésia. Há poucas coisas que consiga imaginar serem mais tortuosas. Perder a noção do que fomos, do que vivemos, por onde passámos, as pessoas e sítios que nos marcaram e fizeram de nós quem somos no presente e nos vão continuar a dar uma linha condutora no amanhã só pode ser aterrador. :o
As coisas que vivemos moldam-nos, queiramos ou não, umas pelo bem, outras pelo mal. Não somos ilhas, nem calhaus. O que nos dizem ou fazem afecta-nos de alguma forma, podemos é escolher dar mais ou menos importância a esses acontecimentos, pouco mais. Não gosto de pensar nas pessoas como meros peões de uma qualquer entidade superior, mas reconheço que o livre arbítrio é muitas vezes uma mera ilusão. Gostamos de quem gosta de nós, tratamos bem quem bem nos trata e agredimos quem que nos ataca. Mesmo quando nos achamos incapazes de tomar uma decisão e nos recusamos a escolher, estamos a escolher não optar (o que é em si mesmo uma opção); quando nos dizem algo que nos deixa desconfortáveis e não queremos falar sobre o assunto, o nosso silêncio comunica por nós e passa uma mensagem, queiramos ou não; quando recebemos uma prenda da qual não gostamos os nossos olhos traem-nos, embora as palavras consigam mentir. Conseguimos controlar o que dizemos e fazemos (às vezes nem isso), mas não conseguimos controlar o que sentimos e pensamos. É aquela velha história do «não penses em elefantes, o que é que tás a pensar?!»
Mas todos nós precisamos de algumas «leis universais»... Por norma as mulheres são mais emocionais e têm as emoções à flor da pele, gostam de falar sobre tudo, bom e mau, certo e errado, bonito e feio, enfim, TUDO! Falam durante uma ressonância, num museu em que é pedido silêncio e até durante a relação sexual :p (autênticas galinhas! lol)Os homens costumam ser mais racionais e tendem a esconder o que sentem. «Os homens não choram», «do homem a praça, da mulher a casa».
É muito frequente encontrá-los a dizerem:
«Querido, olha-me nos olhos e diz que me amas e nunca me vais largar. Só mais esta vez! Amas-me mesmo? Mesmo, mesmo, mesmo?»
«F***-se! Já te respondi a isso 50 000 vezes, porque é que continuas a perguntar a mesma coisa?! Não te disse já?!»
Etc, etc. Muitos ditados populares há que confirmam o que digo. A meu ver, um dos problemas da sociedade actual é que a maior parte das pessoas já não se conformam com os papéis de género que lhe foram atribuídos desde a nascença (até antes, na verdade). O homem já não é o único que trabalha fora e é o sustento da casa, a mulher já não fica a cuidar da casa e dos filhos, já são poucas as profissões que só um dos géneros pode realizar: as mulheres passaram a ser gestoras, militares, economistas e engenheiras; os homens passaram a ser professores, educadores de infância, costureiros e modelos. As mulheres usam cabelo curto e calções, bebem imperial e discutem bola, os homens depilam-se e usam cremes hidratantes depois do duche, sabem cozinhar e mudar fraldas. A sociedade actual deu uma grande reviravolta e apanhou muito boa gente na curva. Cada vez as mulheres se comportam menos como Mulheres, e os homens como Homens. Cada dia que passa é mais difícil prevermos o de amanhã e o relógio anda demasiado depressa! Ninguém tem tempo suficiente para fazer tudo o que deseja e cada vez há mais pessoas com perturbações quer do foro físico quer do psicológico.
A minha questão é: Será que a nossa mentalidade consegue acompanhar todas as mudanças que a sociedade contemporânea impõe?
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