Wednesday, January 21, 2009

O problema está em nós ou nos outros?




Houve várias coisas que li no «Economist Fables» que me deixaram a pensar...
Há lá ideias com as quais eu não concordo, outras que me fazem todo o sentido. Até aqui nada de extraordinário. As pessoas são todas diferentes e não pensam todas da mesma forma, e ainda bem, porque senão a vida seria uma seca!

O que me deixou mais pensativa foi esta frase do Jack:«you may fall many times, but you won't be a failure until you say that someone pushed you.» Porque é que esta frase fez ressonância na minha cabeça? Porque eu, de acordo com esta frase, sou um falhanço completo.

O que ando a tentar perceber na Psicanálise é porque é que sou da maneira que sou. Independentemente de gostar ou não de mim, que é uma questão importante mas que por agora não é para aqui chamada, eu sou como sou devido a duas variáveis: os genes que me foram passados hereditariamente e o meio no qual eu estou envolvida. Durante muitos anos esse meio é essencialmente constituído pela nossa família mais próxima. Quando somos crianças funcionamos como autênticas esponjas e apreendemos tanto o bom como o mau. Daqui decorre que se vivermos no meio duma família minimamente funcional, temos grandes chances de nos safar na vida em sociedade. Podemos ser brilhantes (se os genes e o meio ajudarem) ou simplesmente pessoas normais (se nada de muito grave ocorrer durante os primeiros anos de vida e , mais uma vez, se os genes ajudarem). Quem fizer parte deste grupo... está safo!

Mas o que acontece se os genes forem levados da breca e se a nossa família não é tão funcional como deveria?
God save us all! lol
É um caso bicudo. Nestes casos temos os neuróticos e os deprimidos dum lado (onde as coisas não correram muito bem mas podiam ter corrido ainda pior) e temos todo o tipo de psicóticos do outro (onde tudo correu mal, desde que ainda só eram gâmetas a fundirem-se e a entrar em sucessivas mitoses e meioses, até serem gente e serem capazes de ser autónomos). Quem fizer parte deste grupo está basicamente fo****.

Se for um psicótico acaba por passar, pelo menos uma vez na vida, por uma, ou as duas instituições que se seguem: Estabelecimento Prisional e Clinica/Hospital Psiquiátrico. Geralmente os psicopatas e os sociopatas preferem a primeira instituição, e os bipolares e os esquizofrénicos preferem a segunda.

Se for um neurótico ou um deprimido, vai gastar muito tempo e dinheiro em psicoterapia (seja com um psiquiatra, um psicólogo, um psicanalista ou um terapeuta da arte-terapia). Mas acredito piamente que a psicoterapia é uma boa solução, seja ela de que tipo for. Ajuda a perspectivar as coisas de uma outra forma. Vai dizer a um borderline ou a um obsessivo-compulsivo que ele tem a sua cota parte de responsabilidade por estar como está e a um deprimido que ele não tem culpa de tudo o que se passa à sua volta.

Eu faço parte do grupo dos deprimidos. Acho quase sempre que fiz qualquer coisa errada. A culpa acompanha-me todo o santo dia, não tem folgas nem fins-de-semana. Está sempre presente, como uma sombra indesejada. Para me tentar ver livre da depressão tenho de aprender a pôr as coisas cá fora, em vez de interiorizar tudo o que vejo de mau e achar que sou responsável. Isso passa por responsabilizar mais alguém, além de mim, pelos problemas que hoje tenho, porque efectivamente, eu já fui uma esponja, e tudo de importante que foi feito e dito me marcou, ora pela positiva, ora pela negativa. Eu hoje sou um somatório de todas as pequenas coisas que foram ocorrendo na minha vida, que já não é assim tão curta. Sou um somatório de todos os acontecimentos, pequenos ou grandes, de todas as pessoas que conheci, gostando ou não delas.

Isto quer dizer que sou um fantoche?
Não. Eu não posso evitar conhecer pessoas com as quais não me dou bem ou que me magoam por magoar, mas posso seleccionar com quem me continuo a dar. Não posso escolher quando e com o quê vou adoecer, mas posso decidir como vou reagir à doença. Não posso esperar que uma vida boa e sem grandes apertos me caia no colo, mas posso tentar trabalhar para merecê-la. Não posso ser perfeita, mas posso tentar ser a melhor pessoa que conseguir.

Acho que é tudo o que podem esperar de nós. É que tentemos ser o melhor possível, quer isso passe por pôr o foco do problema dentro, ou fora de nós. Cada um tem de encontrar o seu equilíbrio e fazer o possível por gostar de si próprio e gostar dos outros, respeitar-se a si próprio e respeitar os outros. É um equilíbrio lixado de ser conseguido, talvez por isso andemos cá tantos anos. Ninguém acerta à primeira nem nasce ensinado. Todos nós vamos lá por tentativa e erro. Uns têm de errar mais até aprender, outros menos. Mas é só uma questão de ir tentando até acertar.

10 Comments:

Blogger Andre said...

Tá de chuva!!!

22 January, 2009  
Blogger Sin said...

Não te percebo... e não vou comentar o tempo...

22 January, 2009  
Anonymous Anonymous said...

O segredo está na evolução :) Beijinho grande e parabéns atrasados

28 January, 2009  
Blogger Sin said...

Boa dica... mas nem tudo o que evolui é para o melhor... Obrigada pelos parabéns atrasados, mas... quem és anónimo(a)?

28 January, 2009  
Anonymous Anonymous said...

Evolução no sentido positivo, claro, beijinho

29 January, 2009  
Blogger Sin said...

Ao contrário do que sempre pensei, aos poucos e poucos é possível mudar. Vamos ver se é para melhor. Obrigada pelos comentários anónimo(a). Volta sempre!

29 January, 2009  
Anonymous Anonymous said...

Sinceramente espero que sim para o teu próprio bem :)

Beijo

29 January, 2009  
Blogger Sin said...

Eu também espero que sim :p como as coisas estavam não podiam continuar por isso... não mudando os outros, tenho mesmo de ser eu a mudar. Beijos

29 January, 2009  
Anonymous Anonymous said...

Muita força, inteligência e sensatez na tua mudança :)
Tenho a certeza de que vais conseguir, basta quereres :)

Beijosssssssssss

29 January, 2009  
Blogger Sin said...

:)obrigada! És um querido(a)**

29 January, 2009  

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