Sonhos
À uns dias, no Troll,, li um post da Isabel que que me fez pensar nos sonhos que tinha aqui à uns anitos.
Foram muitos, uma vez que sempre fui uma sonhadora. Não daquelas que só sonha a dormir, mas daquelas que sonha de olhos abertos, perdidos no horizonte. Às vezes apenas estimulada por uma música, uma imagem, ou um desconhecido com quem me cruzo na rua. O relógio no pulso de um homem que conduz e com quem me cruzo num semáforo, um perfume familiar, um casalinho enamorado, um entardecer duma tarde de verão, a textura da relva acabada de cortar, o cheiro a maresia e a terra molhada. O vento contra a pele quente. Um sabor que julgava perdido e que identifico. Na verdade, são poucas as coisas que não me fazem sonhar... Sou a típica cabeça no ar. Para os que acham piada à Astrologia... Aquariana com ascendente em Balança, o que seria de esperar?!?!
Quando era muito miúda sonhei ser actriz. Adorava cinema, e pensei, «fazer disto vida não era nada mal pensado!», mas além de não ser nenhuma estampa, percebi que odiava ser filmada. Lá se foi o primeiro.
Depois virei-me para o ser cantora. Também gostava de música, e imaginei que devia ser bem divertido andar em digressão. Nesta altura foram várias as alminhas que me imploraram para não cantar e estragar as músicas... Lá se foi o segundo.
Veio então o Top Gun, filme que vi dezenas de vezes. Lembro-me de chegar das aulas na primária e ira correr para casa para ver uma parte desse filme enquanto lanchava. Pilotar caças saía um pouco fora das minhas miragens, mas porque não instrutora?!
Quando a cassete do Top Gun começou a ficar estragada decidi que estava na altura de sonhar com outras coisas, por essa altura comecei a devorar os livros de Uma Aventura. Li uns 20, passei para Os Cinco, melhor ainda. Seguiu-se o Triângulo Jota, a Patrícia e mais tarde a Agatha Christie. Ninguém me parava. Podia ser quem eu quisesse e vivia grandes aventuras a partir do sofá do meu quarto. Teletransportar-me para uma realidade diferente da minha era não só um prazer como uma necessidade. Decidi então que iria ser escritora. Daquelas que se isolam numa casa de férias, num qualquer sítio agreste e com pouca gente, com a sua máquina de escrever e a fundamental chávena de chá fumegante ao lado. Esse é um sonho que ainda não pús de lado.
Mas tinha de fazer algo para ganhar dinheiro, e ninguém me garantia que alguém lesse os meus livros, por isso... ser professora apareceu duma forma muito natural e clara na minha cabeça. Adorava ajudar a minha mãe a corrigir os testes e na escola gostava de tentar explicar a matéria que já tinha estudado, e percebido. O inglês dos filmes pareceu-me a solução perfeita. Mas houve quem discordasse... «Tudo menos professora» foi o mote. Só então, bem mais tarde, veio a Psicologia... Longe de ser um sonho, foi a melhor escolha possivel dentro do enquadramento científico-natural que me rodeava. As engenharias não eram para mim e hoje, em Psicologia, sinto-me em casa. É como aquela peça de roupa, que à vista desarmada não tem nada demais, mas que nos assenta bem e que as amigas vêm e comentam: «tem a tua cara».
Apesar das reticências iniciais dos progenitores, que perguntaram se queria cuidar de malucos, ou se queria ser desempregada (que é o mais certo), hoje admitem que de facto sempre tive uma queda para «cagar larachas». Espero que tenha feito a escolha certa, porque neste momento, já não me sinto com força para recuar e fazer tudo de novo... Os cursos, como praticamente tudo na vida, têm um prazo de validade, e o meu já expirou à anos. Já azeda e tá na altura de dar o próximo passo.
Se me vou tentar encaixotar ou ser a eterna inconformada não sei, creio que só o tempo o dirá...
3 Comments:
Eu cá, quiz ser mergulhador e depois piloto de aviões. Nem uma coisa nem outra..
Felizmente não perdi o amor pelo mar e pela natureza, onde aproveito muitas vezes para espairecer da selva urbana.
a natureza sempre me impressionou muito, quando era puto passava literalmente horas a observar os carreiros de formigas, tanto tempo que, os vizinhos iam contar à minha mãe que na hora de entrada para o trabalho viam-me a olhar para as formigas e na hora de almoço voltavam-me a ver lá. Eu já não me lembro se ficava lá esse tempo todo mas presumo bem que sim.
E as estrelas?... horas também fixado...
E a lua?... horas de binóculos a olhar para a lua...
E a chuva?? horas na janela e depois, toca de fazer barcos de papel para vogarem pelos carreiros e correntes de agua (da chuva) a baixo.
Era bom ter "mundos" fascinantes
:-)
Eu qeria ser cabeleireira =P sempre gostei bue de mexer em cabelos e fzer penteados.. Tb qis ser florista e professora =)
Mas bem, hje tomei outro rumo né.. =P se bem q ainda nao ponho de parte a hipotese de m vir a tornar taxista..! xD
Eu acho q tu podias ter sido qq uma dessas coisas (ok, talvez nao sei se cantora ou actriz xD nao te conheço esses dotes!), mas acho q nada te ia assentar tao bem como a psicologia! Acho que tas mesmo em casa ai =) e bem, podes sempre ir aprender a pilotar avioes ou dar explicações de ingles nos tempos livres ;)
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António, engraçado ler tantas «pancadas» que julgava serem estranhas e que, constato agora, que existem outras pessoas que as partilham. Também eu passava horas a brincar com carreiros de formigas, mas eu era nas saliências da parede de madeira da casa da minha avó :p olhar as estrelas continua a ser um hobbie que adoro, se me puder deitar na relva ou na areia melhor ainda. Também ver a chuva à janela é algo que me continua a encantar, embora tenha sempre esperança de ver relâmpagos. Adoro adormecer e acordar com o som da chuva a bater nas vidraças.
Acho que é bom continuarmos a preservar esses «mundos fascinantes», afinal de contas são parte do que nós somos, não achas?
Querida Olivia, podias ter sido qualquer uma dessas coisas, e ainda vais a tempo, se um dia o voltares a desejar. Engraçado como tu gostas de pentear e eu de ser penteada, vais gostar de conduzir, e eu continuo a preferir ser conduzida... Não temos como nos entender mal lol
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