Tuesday, March 31, 2009

Hummm, não podes ser boa da cabeça! :p




Cada vez mais constato que existem várias pessoas que olham para mim com relativa desconfiança. Não as censuro, também reajo assim quando conheço alguém que não consigo compreender. E quando digo compreender não é aceitar ou deixar de aceitar a forma como se mostram ao mundo, é mesmo não conseguir perceber a forma como vêem o mundo e agem sobre ele. Quando não consigo compreender dessa forma alguém fico ansiosa e angustiada. Essa pessoa é para mim imprevisível, incoerente e instável, e isso assusta-me, porque se não conseguir prever nunca qual será o seu comportamento não consigo baixar as minhas defesas e deixá-la entrar no meu mundo, não completamente. Estou sempre em hipervigilância, tal como um animal o fica quando não sabe quando vai ser alimentado ou receber um choque. Há uma experiência com cães muito interessante nesse sentido: O experimentador treina o cão para carregar num botão para obter comida, depois de o cão ter aprendido o que tem de fazer para ser alimentado o experimentador muda as regras do jogo e começa a dar-lhe choques sempre que carrega naquele botão. O cão fica confuso inicialmente, mas acaba por deixar de pressionar o dito botão, com medo do choque. Depois desta lição aprendida, o experimentador volta a mudar as regras do jogo e alterna o choque com o alimento. E aqui é que está tudo tramado. O cão deixa de saber o que fazer para obter alimento e não levar um choque, mas como não existe um padrão, ele não consegue tirar daí nenhuma aprendizagem. Eles chamam a isso o «desamparo aprendido». Não sei até que ponto os experimentadores levaram a investigação, e portanto não sei se mataram algum animal para tirar estas conclusões brilhantes, mas o que é facto é que o cão deixa de pressionar o botão e começa a passar fome.
O «desamparo aprendido» é algo que acontece nos humanos. Os mecanismos são mais complexos, mas o princípio é o mesmo. Quando alguém não consegue antever qual é o resultado das suas acções duma forma repetida, por muito apelativo que seja o prémio, ou por mais doloroso que seja o castigo, esse alguém vai deixar de agir, com isso negligenciando os instintos de sobrevivência mais básicos que temos em nós.

Nos humanos, quando isso acontece, são diagnosticados com depressão, existindo diversos tipos de depressão e diferentes sintomas para cada um desses tipos, mas é a, actalmente curriqueira e vulgarizada, depressão.

A meu ver, a depressão está a caminhar de braços dados com o sexo. Quero com isto dizer que é algo tão comum e tão falado que as pessoas começam a encarar ambos como banais. Como algo que é tão fácil ter que não vale a pena valorizar. E isto, é grave! Porque se ambas as coisas forem levadas com leviandade podem matar. A maior parte das pessoas fica muito apreensiva quando alguém novo tem um ataque de coração ou um cancro. Mas se alguém tem uma depressão ou Sida a reacção é frequentemente: «ohhh, porque é que estás assim tão preocupado? Não se morre disso!» Mas está errado!!! Acontece! E não é só ao vizinho do lado. Olhar para o outro lado e negar que os problemas existem não resolve nada, pelo contrário, apenas agrava o problema.

Bem, mas com isto dispersei-me do que queria aqui dizer hoje. E o que queria dizer é que eu adoro continuar a ter um espírito jovem, mas sinto, cada vez mais, que tenho de o sacrificar em parte para dar à sociedade o que ela espera de mim. Tenho de começar a fazer mais sacrifícios, dedicar-me mais ao curso, acabá-lo duma vez por todas e começar a trilhar um rumo que vai definir uma segunda parte da minha vida, que passa por sair de casa e ser autónoma. Eu gostava de ter uma casa a que pudesse chamar minha, decorá-la à minha maneira, poder gerir o dinheiro e o tempo de forma a que possa continuar a fazer coisas que me deiam prazer, seja isso ler um romance cor-de-rosa, sair para jantar num sítio bonito, apanhar uma chuvada, viajar ou fazer novas amizades. Se o puder fazer a dois, melhor ainda. Mas se não puder tenho de ganhar forças para o fazer por mim. E isso é algo que sempre me faltou. Vontade de fazer as coisas por mim, e não pelos outros, sejam eles quem forem.

Agora, quer isto dizer que vai operar uma mudança radical em mim de tal ordem que já ninguém me vai reconhecer?

Não!! Eu sei quem sou, sei do que gosto, por que princípios me rejo e que sonhos me fazem mover. Lá por ter de «crescer» e tornar-me autónoma não quer dizer que já não vá querer apanhar chuvadas, passar horas a contemplar o céu e o mar, ver romances e thrillers, papar séries cuja temática sejam as relações humanas ou deixar de ter prazer em pequenas coisas como ir à praça e ver aquela explosão de vida e cor, ou ir no carro de janela aberta a cantarolar uma música que gosto, ou ainda ficar na praia até o sol se pôr e ir petiscar qq coisa numa esplanada com os amigos. Eu sei o quanto essas coisas simples são importantes para mim e para me manter minimamente «sã», não vou abdicar delas. Se vou ser eternamente jovem? Possivelmente sim, mas isso não significa que não tenha de fazer pela vida para ter possibilidades de sobreviver, mais que não seja para poder fazer todas essas coisas que tanto gosto.

Eu sou daquelas pessoas que não vai a parques de campismo por serem a solução mais barata, ou toma duches de água fria nos dias quentes para poupar no gás ou para tonificar a pele, não falo com as pessoas com quem me cruzo no quotidiano porque parece bem. Eu gosto de fazer todas essas coisas, não vou mudar quando tiver mais 5 anos ou quando tiver mais dinheiro, porque sou assim. E quando se faz as coisas por prazer, e não por obrigação... isso não muda com o passar dos anos! Eu hei-de ter 60 anos (se lá chegar) e hei-de apanhar uma grande molha de vez em quando, não porque quero ser rebelde, ou ser irresponsável, mas simplesmente porque isso me dá prazer. São os outros que me vão achar irresponsável, imatura ou louca, mas isso não significa que qualquer dessas características esteja na base do meu comportamento... Até posso ser tudo isso, ou não ser nenhuma, o que vai mudar com a idade é que cada vez me irei importar menos com o que os outros pensam e vou começar a ser mais fiel ao que eu penso e quero para mim. Isso sim, vai mudar.

4 Comments:

Anonymous António said...

A imagem que puseste neste texto ia-me assustando :-)

Aquilo que escreveste, não.

Então:


Penso que seria agradavel se podéssemos conversar, tipo numa explanada, Olhos nos olhos. apenas para nos conhecermos

O que te parece?


António

01 April, 2009  
Blogger Sin said...

ahahahah, a imagem tá de facto um bocado sinistra. Mas é provocatória ;) não gosto que me tentem ver como um cordeiro, nem como um lobo, porque acredito mesmo que tenho várias coisas de ambos... as dicotomias são úteis para criar alguma ordem, mas acho que não podemos acreditar muito nelas, porque há sempre coisas que nos escapam se o fizermos.

Conversar numa esplanada parece-me bem, mas primeiro tenho de saber mais coisas sobre ti :p

Parece-te bem?
Obrigada pela visita!**

01 April, 2009  
Blogger Andre said...

Deves querer levar porrada oh Toy...

Cuidado contigo!!!

01 April, 2009  
Blogger Sin said...

lolol André, quem te leia até parece que tás interessado em mim! Gostei! :p

06 April, 2009  

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