Palavras
Palavras... Alguns dão-lhes tanta importância - não só às palavras em si, mas à forma com que são ditas, o tom em que são proferidas, a pontuação que as acompanha; outros porém usam-nas sem pensar muito no que estão a dizer, apenas porque existem, e como tal podem ser usadas, quer como quem oferece uma prenda especial, quer como quem desfere um golpe violento.
Falar é uma característica tão nossa que se tornou a modos que um automatismo, são muitas as vezes que falamos do que não sabemos, do que não queremos saber, do que não deveríamos falar... Apenas e só porque o podemos fazer.
Mas já dizia a minha bisavó, e provavelmente a bisavó dela, que «quem diz o que quer, ouve o que não gosta», e assim é. As palavras são instrumentos, e quando as usamos de forma leviana elas podem virar-se contra nós.
Acho que temos de ter consciência que assim que as pensamos, e elas saem da nossa boca deixam de ser nossas, passam a ser também de quem as ouvir. E esse alguém pode não gostar do que ouve, e, fazendo um apanhado de todas as palavras que já nos ouviu pronunciar, de todos os gestos que nos viu ter cria de nós uma imagem mais ou menos boa.
É tão certo que cada um de nós pode dizer o que lhe apatecer quanto que cada um de nós pode pensar do outro o que entender.
Onde quero chegar com isto?
Não sou apologista de pensarmos até à exaustão em tudo o que dizemos, mas também não acredito que dizer o que nos apetece sem pensar nas consequências seja a melhor opção, porque isso não faz de nós livres, mas tolos. Há pessoas para as quais nos estamos a lixar, outras que nos são caras, mas todas elas merecem respeito. Mais que não seja porque também nós gostamos de ser respeitados.
Mas ainda há a questão das palavras que não são ditas, daquelas que nos assaltam a mente mas que por falta de coragem não as dizemos. Essas para mim são as mais perigosas. Como nos podemos defender de uma acusação que não foi feita? Apenas pensada? Como podemos absolver alguém que não julgámos? Como podemos perdoar alguém que nunca nos pediu desculpa? Como podemos amar alguém que nunca nos disse o quão somos especiais para ela?
As palavras não são tudo, mas acrescentam sentido à nossa existência, e dizem bastante mais de nós que um BI ou uma impressão digital. Usem-nas, mas usem-nas bem!
2 Comments:
As palavras podem ser uma arma muito perigosa e quando mal usadas acabam por nos ferir a nós, como a velhota que pega na faca para desafiar o ladrão que acaba por a virar contra ela...
Concordo tanto contigo que todas as pessoas merecem respeito e que devemos usar a nossa liberdade com sabedoria, porque esta é um presente tão precioso! Quando certas pessoas o perderem vão ter desejado: em vez de passar o tempo todo a falar mal do vizinho, a insultar, te-la usado para dizer coisas tão mais importantes!
Já é tão dificil analizarmo-nos a nós próprios com quem vivemos todos os dias, não sei como ha pessoas que conseguem achar que sabem tudo dos outros e fala-lo aos sete ventos rrrr
Desculpa este assunto das palavras irrita.me muito, porque as pessoas n percebem que fazem mesmo de si tolas, como disseste, estão no seu direito de ser tolas mas não o saberem entristece-me...
As palavras n são só uma arma, para quê jogar tanto na defensiva? As palavras podem ser tudo, podem abrir corações, despertar sonhos, salvar vidas, fazer o outro sentir.se tão especial, provocar sorrisos, risos! Ensinar ciências, trazer ensinamentos da vida! E é tão importante ouvir! às vezes gostava de conseguir estar calada mais tempo para ouvir mais, absorver mais, o mundo é tão grande para tão pouco tempo de vida, temos que usar tudo como um pequeno bombom, até as palavras!
Adorei o post, trouxeste um assunto muito importante e tão familiar a todos nós, obrigada
Indigno, eu trouxe o assunto à baila, porque me parece importante e odeio aquela atmosfera carregada do que ficou por dizer. Mas o teu último parágrafo merecia ser um post.
Há pessoas para quem o ataque é uma segunda pele... não se importam o que dói ou a quem dói. E o que aprendi é que por muito que tente, não vou conseguir mudar essas pessoas. Por isso o que me resta é tentar afastar-me delas o mais possível.
Há outras, porém, que adoramos e de vez em quando fazem algo que nos magoa. Essas vale a pena perdoar, porque é quase certo que não nos magoaram de propósito.
As palavras servem para tudo isso/isto e muito mais. Temos ao nosso dispor palavras bonitas e feias, que podem alegrar ou entristecer, fazer rir ou chorar. Porque não usar mais as «boas»? Parece-me um bom lema ;)**
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